Gisele Elias Nunes Pauli

Nos últimos anos a comunidade científica tem se dedicado à elaboração de biossensores capazes de identificar e quantificar espécies biológicas. Os biossensores ópticos baseados no imunoensaio de fluxo lateral (do inglês Lateral flow immunoassays – LFIAs) são uma ferramenta atrativa e um exemplo de método que vem sendo utilizado na detecção de proteínas, dentre elas gonadotrofina coriônica humana (do inglês human chorionic gonadotropin – HCG), antígeno específico da próstata (do ingles prostate specific antigen – PSA) e Imunoglobulina G humana (HIgG). A aplicação mais conhecida é o teste de gravidez, baseado na detecção de HCG na urina. As principais vantagens do LFIA são fácil manuseio, permite diagnósticos in situ, rápidos e a análise qualitativa pode ser obtida pela observação dos resultados a olho nu. Entretanto, o LFIA apresenta algumas limitações importantes, dentre elas, baixa sensibilidade, e apenas pequenas quantidades de amostra podem ser processadas em cada análise (tipicamente 200 µL). Portanto, são necessários novos dispositivos para superar esses inconvenientes.
Neste contexto, elaboramos um novo dispositivo, o “Lab-in a syringe” (LIS), baseado em um simples imunoensaio de fluxo vertical (VFIA) para a detecção de proteínas, utilizando nanopartículas de ouro como marcadores do sinal resposta. Neste dispositivo, os componentes do ensaio foram confinados dentro de cartuchos de plástico, que podem ser conectados a uma seringa, permitindo o processamento de um grande volume de amostra. Como a maioria dos outros dispositivos baseados em papel, o LIS é fácil e rápido de ser utilizado, uma vez que a leitura pode ser obtida em menos de 10 minutos. Além disso, nós demonstramos o seu potencial de aplicabilidade para a detecção da concentração de PSA clinicamente relevante na urina humana. Este dispositivo pode ser útil como método de diagnóstico rápido e simples para a detecção de outros analitos importantes para o monitoramento ambiental, biossegurança e controle de alimentos. Este trabalho foi recentemente aceito para publicação na revista Lab on a Chip 15, 399 (2015).