Mapeando o flickering e a viscosidade no disco de acréscimo da nova anã OY Carinae em quiescência

Wagner Schlindwein

Em novas anãs (NAs), uma estrela de tipo tardio transfere matéria para uma companheira anã branca através de um disco de acréscimo. NAs sofrem erupções recorrentes em escalas de tempo de dias-meses, nas quais o disco de acréscimo aumenta de brilho por fatores 20-100. As erupções são explicadas em termos ou de uma instabilidade termo-viscosa no disco (DIM) ou de uma instabilidade na transferência de matéria da estrela doadora (MTIM). Existem evidências de que os dois mecanismos operam, cada qual num grupo distinto de NAs. DIM prevê que matéria se acumula num disco de baixa viscosidade (α ~ 0.01) em quiescência, enquanto no MTIM a viscosidade do disco é sempre alta (α ~ 0.1). Assim, medir α do disco em quiescência é crucial para testar qual modelo de erupção se aplica a uma dada NA. Flickering é a cintilação intrínseca de brilho em escalas de tempo de segundos a dezenas de minutos vista em curvas de luz de NAs. Ele provém da região de impacto entre a matéria transferida e o disco de acréscimo (bright spot) e/ou das regiões internas e turbulentas do próprio disco. Se a componente do flickering é causada por turbulência magneto-hidrodinâmica, é possível inferir α a partir da amplitude relativa do flickering. Neste trabalho reportamos os primeiros resultados do estudo do flickering na DIM-NA eclipsante OY Carinae a partir de dados de fotometria rápida em quiescência obtidos com o SOI/SOAR em fevereiro-abril de 2014. OY Car apresenta variações de brilho de 30% ao longo das observações; separamos os dados em estados de brilho ‘baixo’ e ‘alto’. O disco de acréscimo é mais largo e a amplitude do flickering é maior no estado ‘alto’. O flickering está concentrado nas partes internas do disco, com contribuição mínima do bright spot.